Universidade de Brasília
Faculdade de Ciência da Informação
Curso de Arquivologia
Diplomática e Tipologia Documental
Profº Drº André Ancona Lopez
Grupo Prevenidos da Diplomática
Alunos: Filipe Cunha, Rachel Aires, Viviane Cruz, Erick Souza
A EXPERIÊNCIA DO GRUPO PREVENIDOS DA
DIPLOMÁTICA:
da diplomática ao preservativo
- Introdução
Dentro da prática profissional do
arquivista, são exigidos diversos conhecimentos interdisciplinares necessários
para a organização documental inserida, muitas vezes, em diversos tipos de
contextos e realidades, marcadas principalmente pela evolução das Tecnologias
da Informação e Comunicação (TICs). Pensando nisso, como forma de nos
adequarmos a essa novidade, todo o trabalho desenvolvido pelo grupo Prevenidos
da Diplomática, da disciplina Diplomática e Tipologia Documental, foi
desenvolvido imerso em uma nova forma de aprendizagem, proposta por Lopez (2011) por meio de uma ferramenta da web 2.0, no caso, o blog, onde está
registrado e disponível todas as atividades produzidas no decorrer do semestre.
Para finalizarmos a disciplina e
deixar registrado nosso aprendizado, apresentaremos neste trabalho nossas
ideias, percepções e resultados após algumas discussões em sala de aula,
atividades realizadas e a nossa oficina, focando no documento escolhido pelo
nosso grupo: o preservativo.
- As
contribuições da Diplomática para a Arquivologia
Levando em consideração que, no
decorrer do tempo, a evolução dos documentos arquivísticos exigiu que a
Arquivologia incorporasse novos modelo para responder adequadamente ao cenário
que a contemporaneidade demandava, o método apresentado pela Diplomática se
mostrou aliado nesse desafio.
A Diplomática, em suas origens,
segundo Tognoli (2013), buscava, por meio de manuais modernos, a definição de
elementos para verificar se os documentos produzidos e utilizados durante a
Idade Média, eram autentico ou falsos. Então, por meio da verificação da
alternância dos períodos no qual eram produzidos, os diplomatistas analisavam,
unicamente, os documentos da Igreja Católica e dos reis.
Com o passar do tempo, foi
ampliada a análise diplomática para outros tipos de documentos. Acontece,
justamente nessa fase de ampliação, a interlocução da Diplomática com a
Arquivologia, tornando-se um aliado na organização da informação contida nos
arquivos. Por meio disso é entendido que a metodologia da diplomática pode ser
inserida na realidade arquivística de contexto de produção e arranjo da
informação
Foi por meio dessa interlocução que
encontramos base para desenvolvermos as atividades do nosso grupo utilizando o
preservativo como objeto de nossas análises, buscando entender sua forma
documental para compreendê-lo e associá-lo a conjuntos mais amplos, em outras
palavras, como um documento de arquivo.
Tudo começou no primeiro dia de
aula na disciplina "Diplomática e Tipologia Documental", do curso de
Arquivologia. Havia, habituacalmente, uma certa expectativa com relação ao
desenvolvimento do semestre.
·
O
preservativo
Os preservativos são usados há
pelo menos 400 anos, desde o século XIX, e são os mais comuns métodos contraceptivos
em escala global. Há registros de uso de preservativos na Ásia anterior ao
século XV onde cobriam apenas a glande do pênis. Na China, é provável que os
preservativos para a glande tenham sido fabricados em papel de seda oleado ou a
partir de intestino de cordeiro.
Em épocas posteriores, o uso de
coberturas para o pênis é descrito por toda a Europa. Durante o Renascimento
eles eram feitos de intestinos e tecido da bexiga. Em finais do século XV os
comerciantes holandeses introduziram no Japão preservativos feitos de pele que
cobriam o pênis por completo. A partir do século XVIII os preservativos
passaram a ter diversas qualidades e tamanhos, fabricados a partir de linho
tratado com químicos ou pele (da bexiga ou intestino).
· Incentivo à postagem
Durante a disciplina Diplomática
e Tipologia Documental, foram propostas diversas atividades para que pudéssemos
compreender o preservativo como um documento capaz de ser incluído nas análises
críticas da diplomática. Abordamos, em nossas postagens, as seguintes
temáticas:
Diversidade de Tipologias: (Acesse a atividade aqui)
Nesta
atividade o Professor nos passou um texto do Mariano García, e neste texto
possui vários exemplos de análises tipológicas, e cada produtor escolheria o
plano que mais se adapta com seu fundo arquivístico. No nosso caso houve um
problema em escolher devido ao nosso documento, acabamos escolhendo o modelo
Madrid, e adaptamos um preservativo a ele. Este autor analisa questões do tipo
Legislação, Código, Expurgo, etc.
Arquivando Novos Documentos: (Acesse a atividade aqui)
Tivemos
como objetivo fazer uma análise diplomática e tipológica de dois documentos, o
preservativo masculino e o anticoncepcional. Conseguimos aprender bastante com o
Mariano García, mas começamos a utilizar o ‘estilo Duranti de analisar’, e
assim completamos mais um difícil ciclo de análise sobre esses dois documentos.
Duranti já coloca ênfase nos aspectos intrínsecos e extrínsecos como Tipo, Forma, Formato, Gênero, etc.
Documento Misterioso: (Acesse a atividade aqui)
Esta
atividade se baseou em um documento que não sabíamos nem o nome. O professor
nos deu a tarefa de pesquisar o documento. Com todas nossas artes e
experiências de detetives fomos atrás de algum informe sobre este documento.
Depois de encontrar, descobrimos que era um Cartão Perfurado, uma mídia de
armazenamento antiga. Assim lá fomos nós fazer
uma análise e tipológica do Cartão Perfurado.
Autêntico ou Verídico? (Acesse a atividade aqui)
Como
um dos temas mais trabalhados durante o semestre, a autenticidade e veracidade
nos deu muita dor de cabeça, e causou confusão na cabeça de muitas pessoas.
Assim foram lançados desafios entre os alunos, e a nossa aluna da vez foi a
Daniella Larcher. Um dos integrantes do
nosso grupo, o Erick, lançou um desafio para a Daniella analisar se um dos
documentos bancários dele é autentico e/ou verídico.
- Associando nosso preservativo à disciplina
No decorrer da disciplina,
conseguimos, aos poucos, identificar nosso documento segundo suas
características extraídas na análise diplomática. Conseguimos, assim, inserir o
preservativo como um documento não convencional capaz de ser inserido dentro de
um contexto administrativo, constituindo-se como um documento de arquivo.
Apresentamos, a seguir, um modelo
de análise tipológica de Madrid, apresentado por Mariano García Ruipérez,
realizada em uma das atividades do blog:
Disponível aqui
Apresentamos o modelo acima,
porém, o modelo utilizado pelo professor André Lopez durante suas aulas, de
autoria própria, é apresentado no capítulo do livro Arquivos do mundo dos
trabalhadores: coletânea do 2º Seminário Internacional, intitulado de
"Identificação de tipologias documentais em acervos dos
trabalhadores". Nesse trabalho, o tipo documental é a junção da espécie
com a função de uso para o titular do arquivo, possibilitando a compreensão das
relações internas existentes no fundo e a elaboração de planos de
classificação.
Então, conseguimos elaborar, por
meio de fluxograma criado pelo programa Bizagi, o processo de inserção do
preservativo, em arquivo permanente, como registro da participação em campanhas
contra DSTs em períodos de Carnaval.
Disponível aqui
- Considerações finais
Como deu pra perceber, aprendemos muito com essa
matéria, o professor nos fazia aprender da forma mais difícil, e legal ao mesmo
tempo, pois o semestre todo tivemos desafios, e esses desafios aguçaram a nossa
curiosidade e vontade de aprender, pesquisar. Aprendemos conceitos de diplomática
e tipologia como ninguém. Tendo em vista que conseguimos quebrar o TABU
arquivística, que era pensar que documento é somente uma ATA, MEMORANDO, ATO,
OFICIO, etc. Aprendemos portanto que tudo pode ser um documento, dependendo de
seu contexto arquivístico.
- Referências
- DURANTI,
Luciana. Diplomática: usos nuevos para una antigua ciencia. Trad. Manuel
Vázquez. Carmona (Sevilla): S&C, 1996. (Biblioteca Archivística, 5).
- LOPEZ, A. Identificação de
tipologias documentais em acervos de trabalhadores. In: Antonio José Marques;
Inez Tereznha Stampa. (Org.). Arquivos do mundo dos trabalhadores:
coletânea do 2º Seminário Internacional. São Paulo; Rio de Janeiro: CUT;
Arquivo Nacional, 2012, p. 15-31.
- LOPEZ, A.; AVILA, R. Blogs de
Diplomática e Tipologia documental como instrumento de aprendizagem: uma
experiencia da Universidade de Brasília. In: II CONGRESO INTERNACIONAL
COMUNICACIÓN 3.0, 2010, Salamanca. Libro Nuevos Medios, Nueva
Comunicación. Salamanca : USAL, 2010. v. 1. p. 1086-1098. ISSN/ISBN:
9788461516933.
- RODRIGUES, A.C. Diplomática
contemporânea como fundamento metodológico da identificação de tipologia
documental em arquivos. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2008. Tese
(Doutorado em História Social). Faculdade de
- TOGNOLI, Natália
Bolfarini. A construção teórica da
Diplomática: em busca de uma sistematização de seus marcos teóricos como
subsídio aos estudos arquivísticos. Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.
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