Olá galera,
então estamos quase lá heim? Nossa oficina está a todo vapor daqui a pouco sai
do forno, enquanto isso as aulas continuam super cheias de informações a
absorver. Já entendemos então que a diplomática e tipologia são a forma de
conhecer intrínseca e extrinsecamente uma unidade documental, para que
conheçamos a gênese documental e entendamos o documento desde o seu nascimento
até compreender, por que e como, ele é estruturado no momento de sua produção.
Durante a
última aula (16/10) vimos as dificuldades em determinar se um documento é de
arquivo ou não principalmente quando existe ausência de contexto e de espécies
bem definidas.
Um documento
de arquivo segundo o Conselho Nacional de Arquivos, é um “conjunto constituído por um suporte e
pela informação que ele contém”, sim mas é uma definição bastante genérica já
que os registros documentais representam um tipo de conhecimento único, como
citado pelo Professor André durante a aula: “Para ser documento de arquivo é necessário
estar ligado administrativamente ao produtor e ser guardado como prova da
atividade que o gerou.”
O professor
André nos entregou então um cartão postal, para que fizéssemos uma análise, então
percebemos que privilegiando o caráter contextual e discutindo ideias com o professor
chegamos a seguinte análise durante a aula:
Espécie: Cartão postal
publicitário
Formato: Cartão frente e
verso
Gênero: Imagético, textual,
publicitário
Forma: Original
Sinais de validação: Logo
do emissor, informações como endereço do produtor e do projeto a que a
publicidade se refere
Análise de Conteúdo: possui
uma foto na face frontal, e local para postagem e texto no verso divido com
informações.
Função: auxiliar a aula do
professor.
É autêntico: sim
É verídico: Sim
Contexto ou Fundo:
Professor André
É documento de Arquivo: Não,
por que não tem função arquivística, serve para dar aula e é instrumento de
apoio, mas não é documento de prova.
Entendemos
através de tais interpelações a importância de se estabelecer uma ordem para a
análise, o que virá primeiro e o que virá depois, e fomos levados a pensar até
que ponto o documento serve como prova. Para Duranti “os documentos são
autênticos porquê são criados tendo-se em mente a necessidade de agir através
deles, são mantidos como garantias para futuras ações ou para informação. (...)
Sendo assim os documentos são autênticos porquê são criados, mantidos e
conservados sob custódia de acordo com procedimentos regulares que podem ser
comprovados” isso nos leva a entender que mesmo documentos criados à margem
desses procedimentos podem ser autênticos mas não ser documento de prova, assim
como o cartão postal, ele não é documento de arquivo, e só foi utilizado pelo
professor para auxiliar a aula, isso não significa que ele necessariamente será
guardado como prova da aula, mas continua a ser autêntico e verídico.
É importante
lembrar que um documento em sua individualidade não é testemunho completo de um
ato ou ação que o criou, pois é a relação que ele estabelece com outros
documentos e com a atividade da qual ele é resultado que lhe atribui
significado e capacidade comprobatória.
A dificuldade
em entender se um documento é de arquivo ou não está no fato de que devemos saber
diferenciar análise de conteúdo da análise de função do documento, há a
necessidade de pensar nas condições sob as quais o documento foi produzido,
quem o criou, onde e quando isso se deu, porquê foi produzido para que possamos
chegar a seguinte pergunta: o que o documento pretende provar? É o contexto de
produção que permite a compreensão da informação contida no documento e
portanto suas definições.
“Em uma época
onde o progresso tecnológico nos projetou na era da informação, deve
atravessara parede do formato – documento – para ir na direção do conteúdo, a
informação” Rousseau e Couture (1998)
Fontes: SANTOS, Vanderlei B. dos S.; INNARELLI, Humberto C.; SOUSA, Renato T. B. de; Arquivística temas contemporâneos. 3° Ed, Distrito Federal, SENAC, 2009.