sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Parada para um cartão postal!!



Olá galera, então estamos quase lá heim? Nossa oficina está a todo vapor daqui a pouco sai do forno, enquanto isso as aulas continuam super cheias de informações a absorver. Já entendemos então que a diplomática e tipologia são a forma de conhecer intrínseca e extrinsecamente uma unidade documental, para que conheçamos a gênese documental e entendamos o documento desde o seu nascimento até compreender, por que e como, ele é estruturado no momento de sua produção.

Durante a última aula (16/10) vimos as dificuldades em determinar se um documento é de arquivo ou não principalmente quando existe ausência de contexto e de espécies bem definidas.

Um documento de arquivo segundo o Conselho Nacional de Arquivos, é  um “conjunto constituído por um suporte e pela informação que ele contém”, sim mas é uma definição bastante genérica já que os registros documentais representam um tipo de conhecimento único, como citado pelo Professor André durante a aula: “Para ser documento de arquivo é necessário estar ligado administrativamente ao produtor e ser guardado como prova da atividade que o gerou.”

O professor André nos entregou então um cartão postal, para que fizéssemos uma análise, então percebemos que privilegiando o caráter contextual e discutindo ideias com o professor chegamos a seguinte análise durante a aula:


Espécie: Cartão postal publicitário

Formato: Cartão frente e verso

Gênero: Imagético, textual, publicitário

Forma: Original

Sinais de validação: Logo do emissor, informações como endereço do produtor e do projeto a que a publicidade se refere

Análise de Conteúdo: possui uma foto na face frontal, e local para postagem e texto no verso divido com informações.

Função: auxiliar a aula do professor.

É autêntico: sim

É verídico: Sim

Contexto ou Fundo: Professor André

É documento de Arquivo: Não, por que não tem função arquivística, serve para dar aula e é instrumento de apoio, mas não é documento de prova.



Entendemos através de tais interpelações a importância de se estabelecer uma ordem para a análise, o que virá primeiro e o que virá depois, e fomos levados a pensar até que ponto o documento serve como prova. Para Duranti “os documentos são autênticos porquê são criados tendo-se em mente a necessidade de agir através deles, são mantidos como garantias para futuras ações ou para informação. (...) Sendo assim os documentos são autênticos porquê são criados, mantidos e conservados sob custódia de acordo com procedimentos regulares que podem ser comprovados” isso nos leva a entender que mesmo documentos criados à margem desses procedimentos podem ser autênticos mas não ser documento de prova, assim como o cartão postal, ele não é documento de arquivo, e só foi utilizado pelo professor para auxiliar a aula, isso não significa que ele necessariamente será guardado como prova da aula, mas continua a ser autêntico e verídico.

É importante lembrar que um documento em sua individualidade não é testemunho completo de um ato ou ação que o criou, pois é a relação que ele estabelece com outros documentos e com a atividade da qual ele é resultado que lhe atribui significado e capacidade comprobatória.

A dificuldade em entender se um documento é de arquivo ou não está no fato de que devemos saber diferenciar análise de conteúdo da análise de função do documento, há a necessidade de pensar nas condições sob as quais o documento foi produzido, quem o criou, onde e quando isso se deu, porquê foi produzido para que possamos chegar a seguinte pergunta: o que o documento pretende provar? É o contexto de produção que permite a compreensão da informação contida no documento e portanto suas definições.


“Em uma época onde o progresso tecnológico nos projetou na era da informação, deve atravessara parede do formato – documento – para ir na direção do conteúdo, a informação” Rousseau e Couture (1998)


Fontes: SANTOS, Vanderlei B. dos S.; INNARELLI, Humberto C.; SOUSA, Renato T. B. de; Arquivística temas contemporâneos. 3° Ed, Distrito Federal, SENAC, 2009.

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